Passeando pelo Mercadão...

O Mercado da Cantareira – também chamado de Mercado Municipal Paulistano, ou simplesmente Mercadão – é assunto inesgotável para amantes da gastronomia. É redundante dizer que aquele lugar é maravilhoso, e podem ter certeza de que eu e o Gabriel ainda falaremos muitas e muitas vezes sobre esse templo sagrado do bem-comer.

Ontem fui passear com minha mami querida na Rua 25 de Março, e demos uma esticada no Mercadão, ali pertinho, só prá “dar uma olhadinha”. Claro que essa olhadinha rendeu boas compras, e assunto para bons posts aqui no blog. E como hoje é domingo – meu único dia tranqüilo numa semana sempre agitada – o post tem que ser caprichado. Já vou deixar prontos dois textos, um sobre condimentos e outro sobre um peixe incrível que assei, tudo comprado lá, para postar durante a semana. Então, hoje vou falar sobre TÂMARAS! E preparem-se, porque o texto de hoje saiu grande!

Um dia desses comprei um potinho de TÂMARAS MEDJOUL num supermercado. Adoro tâmaras, e minha nutricionista incorporou definitivamente as frutas secas em minha dieta (sim, leitores, eu faço dieta! Dá prá acreditar?). Mas ao abrir o potinho, me surpreendi ao ver o tamanho da fruta – 3 ou 4 vezes maior que o normal – e com a cremosidade e doçura da polpa. Foi amor fulminante à primeira mordida. Me apaixonei perdidamente.

A Kátia, minha colega de trabalho e leitora assídua do blog, me levou o suplemento “Paladar” do Estadão dessa semana. Entre outros ótimos assuntos, lá estavam elas: tâmaras medjoul e sua história (link para o artigo na íntegra: http://www.estadao.com.br/suplementos/paladar/not_sup4519,0.shtm ). Tomo a liberdade de reproduzir aqui, de tão interessante que achei:

“No norte do Mar Morto e no Vale do Jordão, disputado território que separa Israel e Jordânia, ela reina há quatro décadas. Grande, com a polpa cremosa, muito doce, a tâmara de medjoul é uma atração especial nos oásis que saltam aos olhos numa paisagem pouco habitada, dominada pelos tons pastel do deserto e o azul do céu, sob calor intenso.

Embora tâmaras sejam cultivadas há milênios, a de medjoul - que em árabe significa "desconhecida" - é relativamente nova ali. Ela tem origem marroquina e nos anos 1920 esteve ameaçada por uma praga. Foi levada para os Estados Unidos, de onde saíram as mudas levadas para Israel nos anos 1970, no início da colonização da região desértica. Em poucas décadas Israel se tornou o maior produtor de tâmaras de medjoul - pelo menos 33% das frutas dessa variedade comercializadas no mundo são produzidas ali, no deserto israelense.

A tâmara de medjoul é inconfundível. Ela é três vezes maior que as tradicionais e tão doce que é usada para preparar o silan, mel de tâmaras, o adoçante natural nacional. Sua tonalidade pode variar do marrom ao roxo-escuro. A pele é lisa e macia, com delicado drapeado, e a polpa é extremamente cremosa e cheia de sabor.

Na combinação de fatores que garantem seu sucesso estão o clima seco e alta tecnologia utilizada no cultivo. Devido à elevada temperatura, a fruta não precisa ser seca antes da comercialização. O calor seca os frutos naturalmente. Só na região norte do Vale do Jordão, mais úmida, as tâmaras passam por secagem.

Com tantos atributos, não é de se estranhar que tenha sido apelidada de rainha das tâmaras. Ela ocupa lugar de destaque nas feiras e prateleiras de supermercados e caiu no gosto de chefs de Israel. Pelos bares, restaurantes e cozinhas domésticas, surge das mais variadas maneiras. Recheada com queijos, amêndoas ou pistache, vira petisco. Como prato principal, combina com frango e saladas, além de fazer as vezes de sobremesa. Nesta época, entre junho e agosto, quem visitar a região vai encontrar as tamareiras carregadas, pois a colheita começa em agosto e vai até outubro.

O cultivo exige cuidadoso trabalho manual. As plantas, que têm entre 15 e 20 metros de altura, são polinizadas manualmente. Para garantir tâmaras grandes e cremosas os produtores fazem podas, reduzindo a produtividade da planta. Um trator com cabine elevatória é usado para cortar parte das folhas e frutos. As tamareiras são identificadas uma a uma. Dois meses antes da colheita, as folhas são envolvidas por uma rede plástica, que as protege de pássaros e impede que as tâmaras caiam antes do tempo. A colheita vai de agosto a outubro, mas as tâmaras são encontradas o ano inteiro.”

Agora, mostro a vocês minha melhor aquisição no passeio de ontem pelo mercadão:

Definitivamente, é meu presente de aniversário. Enquanto tâmaras comuns custam em média R$ 20 o quilo, as Medjoul custam entre R$ 69 e 90 o quilo. Fiquei tão hipnotizada ao ver um barril cheio delas no mercadão que não conseguia pensar direito – e mandei embalar um quilo delas. O funcionário da banca foi muito simpático e me fez um desconto: 1,25 quilo por R$ 70. Caro, eu sei. Passei no cartão de crédito, e mês que vem eu pago. Vale cada centavo.

Só prá comparar, vejam uma tâmara medjoul à esquerda e uma comum à direita. Ah, e eu contei: na embalagem que comprei, vieram 64 tâmaras – uma média de 20 gramas cada uma. Enorme, para uma fruta seca.

Meu pai teve um grande amigo chamado Assad, que era libanês. Ele comentava que seus antepassados beduínos alimentavam-se, no deserto, de água levada em cantis primitivos e tâmaras, que contêm alto teor energético e são consideradas alimento sagrado pelos povos árabes. De fato, pesquisando no Google achei esse comentário: “Se diz que um beduíno resiste três dias de marcha com uma tâmara: “No primeiro come a pele, no segundo dia o fruto e no terceiro o caroço” O que para nos pode ser uma sobremesa ou uma iguaria, no deserto faz possível a vida. Por isso as tamareiras são objeto de veneração ali onde se cultivam. Simbolizam a união entre céu e terra, sua presença junto às casas é sinal de hospitalidade. É a palmeira que inspirou as colunas dos templos, o pilar do céu, segundo afirma a palavra grega phoenix. Em muitas mesquitas, como em Córdoba, as colunas lembram a forma das palmeiras. E nas paisagens mais áridas, o doce do seu fruto evoca o paraíso.” Vale visitar o link para saber mais sobre as propriedades e benefícios das tâmaras: http://www.tamaras.com.br/

Sei que é muito cara e que foi uma loucura gastronômica. Raramente cometo estes excessos, mas não pude resistir. Posso dizer que saí do mercadão muito feliz com minha compra – talvez mais feliz do que se tivesse comprado um sapato ou uma roupa. Além do mais, comer é um prazer indescritível, e se eu comer uma tâmara dessas por dia, terei dois meses de uma sobremesa deliciosa, perfeita, e sagrada! Impossível resistir!

(P.S.: MUITO OBRIGADA aos nossos amigos que visitam o blog, aos amigos que deixam seus comentários, aos amigos que divulgam nossas publicações em seus espaços, aos amigos que contribuem com idéias e dicas... Tem sido uma alegria muito grande dividir esse espaço com o Gabriel, e ver que nossos textos, vídeos e idéias têm repercutido tão bem! Mais uma vez, MUITO OBRIGADA! Abraço carinhoso a todos vocês!)

8 comentários:

  1. Eu achei caro, mas se é bom, vale a pena!!!
    Não vejo a hora de ir pra SP pra visitar o mercado e fazer uma orgia gastronômica rsrsrs

    Bjo

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  2. Muito bom o post, porém acho que vale mais a pena linkar para o assunto externo do que colar um mundo de texto no mesmo. Além do mais, quanto mais links externos, mais relevância pro google....

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  3. OLÁ GABRIEL!
    VIM CONHECER O SEU BLOG É MUITO LEGAL, CHEIO DE DELÍCIAS, PARABÉNS!
    ÓTIMA POSTAGEM SOBRE O MERCADÃO, JÁ FIZ BOMBONS RECHEADOS COM TÂMARAS MAS NÃO GOSTO DELAS SECAS SÃO MUITO DOCES, RSRS.

    ESPERO A SUA VISITA AO MEU BLOG!
    BJS,
    ANDRÉA...

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  4. Muito legal esse post, não sou muito apreciadora de tâmaras mas achei super interessante essa história dos beduínos.
    Já sou seguidora dessas delícias...beijkas.
    Maísa
    ondas de sabores

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  5. Olá, vim conhece o blog de vocês e achei muito interessante a ideia e a variedade nas postagens.
    Gosto muito de tãmaras, mas confesso que estas nunca comi, fiquei curiosa.
    Vim retribuir a visita do Gabriel e já estou seguindo o blog de vocês.
    Beijos.

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  6. É.... carinho.... mas...
    adoro tâmaras, essas deram água na boca!
    bjocas

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  7. obrigada pela visita, assim fiquei a conhecer este cantinho tão simpático. Que domingo tão bom gostava tanto de estar aí nesse mercadão a passar e a saborear as ofertas por aí...

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  8. kkkkkkkkk Seu blog é muito bom ... acho que sou do time que só pensa no quilo kkkkk


    abraço, estou te seguindo ... se quiser conhecer meu blog faça uma visita ...


    abraço
    Daniel Deywes
    http://feitonahora.blogspot.com

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